06 abril 2006

Moinhos de água

Noutros tempos, quando a Abrunhosa do Mato fervilhava de gente junto aos principais cursos de água, existiam muitos moinhos de água. Até 1940/45 contaram-se junto ao rio Mondego e aos ribeiros, 35 moinhos. Havendo água - as mós estavam sempre em movimento. Todo o pão que alimentava as nossas gentes era produzido aqui. Milho, trigo, centeio e cevada eram lentamente moídos nas mós de granito.

Através de açudes, transvazes ou aproveitando o declive do terreno, os moinhos eram alimentados por uma quantidade regular de água que escorria ao longo de uma agueira, embatendo nas pás do rodízio, e impulsionando-o em torno do seu eixo vertical. Este mecanismo atravessando o orifício central da mó de baixo (dormente) fixava-se à mó de cima (movente) que girava acompanhando o seu regular movimento.

Presume-se que os moinhos de água tenham sido introduzidos em Portugal no século I pelos Romanos. Sabe-se que o seu uso foi generalizado durante o século V pelos Visigodos.

Legenda:

a - Moega
b - Tremonha ou quelho
c - Rela ou chamadouro
d - Mó movente
e - Mó dormente
f - Suporte
g - Segurelha
h - Veio
i - Haste
j - Pela
k - Pena
l - Ponte
m - Trave do aliviadouro
n - Aliviadouro
o - Aguilhão
p - Cubo e agueira
q - Comporta ou pejadouro

Mas por força da inovação tecnológica, estes engenhos caíram em desuso na segunda metade do século XX, com a introdução de sistemas motorizados autónomos.

Hoje em dia restam poucos exemplares desses moinhos na nossa terra e apenas um está em funcionamento nos Currais. Estão desactivados e tristemente votados à corrosão e abandono.

11 Comentário(s):

Blogger BlueShell disse...

lamentável que assim seja. Tudo isto faz-me pena, sabes?
Ver assim as coisas ao abandono. Na minha aldeia passa-se o mesmo e eu entristeço!

As fotos estão muito boas!Gostei imenso. A água, as pedras...tudo no seu tom, na sua dimensão. Gostei.

Um abraço azulado
de uma concha, que por ser azul, é diferente das demais...
BlueShell

9:45 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

é triste ver as coisas assim todas destruidas. o desinteresse das pessoas pelas tradições leva ao abandono destas pequenas e grandes reliquias.

4:02 da tarde  
Blogger Neoarqueo disse...

Ora aqui está um belo apontamento sobre a Tecnologia Antiga. De facto a "industria" da moagem, por terras de Abrunhosa do Mato, bem como nas restantes aldeias assenta numa actividade que se perde na memória dos tempos. Como diz o Alex, os romanos utilizavam a tecnologia dos moinhos de àgua, agora reparem que com a queda do Império, durante toda a Alta Idade Média, a Baixa Idade Média,época Moderna até ao século passado a tecnologia dos moinhos de água é a MESMA. Estamos a falar de um horizonte temporal de 2000 anos, sensívelmente. Vale ou não a pena salvaguardar este tipo de património? Pela parte do Alex, e modéstia à parte, pela minha parte, a questão da salvaguarda do património arquítectónico, arqueológico, paisagistico, cultural tem sido feita...os outros que se metam a caminho, pois ainda há tempo. Eu continuo a afirmar que a melhor forma de preservar o Património, seja ele qual fôr é divulgá-lo, é dá-lo a conhecer, é publicitá-lo. Depois de tomada uma consciência colactiva sobre a importância das coisas, o resto vem naturalmente, como que por acréscimo. Parabéns Alex.

6:51 da tarde  
Blogger JL disse...

He lá Alex,
Entrei aqui e pensei que estivesse no Neoarqueo. Muito bem. Gostei e aprendi. Já agora, vale a pena dizê-lo, que mesmo sem moinhos de água ainda há cá quem moa. E vêm de longe para moer...

3:48 da tarde  
Blogger Neoarqueo disse...

Bem, no fundo a Abrunhosa do Mato é uma terra de moleiros...

11:37 da tarde  
Blogger BlueShell disse...

Com um beijo AZUL-GAIVOTA-FELIZ
BlueShell``º``º``º``º``º``º``º``º``º``º``º``º``º

7:10 da tarde  
Blogger Zel disse...

É mesmo muito triste, vermos tanto das nossas raízes a perderem-se, cabe-nos a nós a velha popular, tantas vezes vai o cântaro......


grande abraço

9:10 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Esses moinhos foram motivo de uma visita de estudo. O moinho da ultima fotografia, ainda moía. Fomos terminar a nossa visita, já na povoação, no largo onde se realizavam as festas / bailaricos, onde um senhor tinha uma mó eléctrica. As coisas vão mudando!

Abraços

4:53 da tarde  
Blogger Rui Silva disse...

olá sou o rui e sou louco por moinhos ao ponto de me dedicar a
faze-los em miniatura.se algum de voz me poder enviar fotos com pormenores agradeço
espessialmente moinhos de água c/
rodizío ,azenhas e giratórios
contacto:rui.miniaturas@gmail.com
um abraço

7:37 da manhã  
Anonymous GIL FIGUEIREDO disse...

Sem ser conservador no sentido literário do termo, assumo-me como defensor do que considero ser património nacional, moinhos de água moinhos de vento.Era bom que fosse elaborado um estudo, com a finalidade de inventariar os moinhos existentes e viabilizar a sua reconstrução para e, acima de tudo perpetuar os nossos antepassados que direta ou indiretamente se socorriam para fonte de maneio da comunidade.A ISTO TAMBÉM SE CHAMA CULTURA.

7:50 da tarde  
Anonymous adelino augusto duarte disse...

Minha família é toda da Abrunhosa, mas sou brasileiro. Minha irmã nasceu aí. Resido no Brasil, sou Eng Agronomo e trabalho com cana-de-açucar. Estive pela primeira vez em Portugal em janeiro deste ano e visitei Abrunhosa do Mato. Voces podem imaginar minha emoção - minha mãe e parentes falavam muito daí. Eles vieram da Abrunhosa para o Brasil na década de 30.
Um abraço caloroso a todos voces. Tenho um grande amor por Portugal, e uma forte emoção pela aldeia onde minha família vivia.
Adelino Augusto Duarte
ducana@terra.com.br

1:37 da manhã  

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